“QUANDO COMEÇAM A CAIR MINHAS FICHAS”

Nós somos muito, pretensiosos, achamos donos das verdades.

Intocáveis, invencíveis, poderosos.

Não somos. Nunca seremos.

Não existem diferenças, somos todos iguais.

Minhas fichas, vem caindo dia a dia, hora a hora, minutos a minutos, segundos a segundos e teimosamente, não aceitava.

Deveríamos ter humildades, aceitar, aceitar com o coração, com a razão. Deveríamos. Eu deveria.

Precisamos sempre alimentar nossos corações com a esperança.

Nunca me preocupei com nada, achava que era intocável, e simplesmente não sou.

Como mentimos para nós mesmos, como mentimos, e o pior aceitamos.

É uma maneira covarde de omitir e aceitar ajudas.

Então as surpresas terríveis começam lentamente ou rapidamente aparecerem.

Perdemos nossos chãos, perdemos.

Perdemos nossas seguranças inseguras, perdemos.

Ninguém é cem por cento seguro, ninguém.

E aí vamos procurando algumas respostas, de perguntas que nunca fizemos.

E quando as conseguimos.

É uma dor incalculável no nosso íntimo, terrível.

Como dói. É uma dor diferente, mexe com tudo, no nosso interior e mente. Inexplicável.

Então nos nossos silêncios agora já doídos, começamos a pensar em todos que amamos profundamente.

O que fazer e como fazer.

Começamos a transformar nossas mentiras, omissões, ocultações em verdades, bem verdadeiras, reais.

E aí, começa, tudo que vem acontecendo comigo e pode acontecer com todos vocês meus caros amigos e amigas, com todos nós.

Diabetes, efezema, asma, bronquite, dores no corpo, quatro pontes de safena inevitáveis, urgentes, graças a “Deus” tudo deu certo, vem dando certo. Como agradeço todos os dias.

Os médicos todos eles passaram e passam a viver minha vida comigo, passam ser o meu dia a dia, com seus zelos e cuidados, sempre prontos para me atender meus anjos da guarda, queridos e amados amigos, nunca esquecidos.

Começam os sacrifícios que nós mesmos criamos, a diabete me tira o direito de sentir a doçura deliciosa do açúcar, e do mel, dos pés de moleques, dos doces de leite, dos leites condensados, dos deliciosos pudins e tantas doçuras mais, e das frutas que adoro, tudo consequência de minhas irresponsabilidades.

Começa agora a quantidade imensuráveis, intermináveis dos comprimidos dos seus tamanhos variáveis, sempre crescentes, das bombinhas, das injeções diárias de insulina, quantas dores guardadas comigo, só eu e meu corpo sabemos, me colocando sempre mais dependente e preso, perdemos nossa liberdade que demos pela nossa omissão, fiquei prisioneiro, ficamos aprisionados.

E agora vamos lentamente levando a vida, vagarosamente, esperando meu tempo vencer e ser vencido.

E difícil fico resguardado no meu silêncio e tentando ainda conseguir buscar algumas lembranças que teimosamente ainda consigo, e ali no meu silêncio fico procurando os rostos de minha esposa, minha companheira, dos meus filhos, de minhas noras, de minhas lindas netinhas dos meus queridos e amados irmãos, todos eles parte de minhas histórias de vidas, da minha vida, e dos vários e vários momentos de nossas vidas, quero ter tudo gravado na minha mente, preciso ter.

Como dói reviver momentos, lembranças, como dói. Mas são extremamente gratificantes, inesquecíveis, necessários.

Não quero que alguns de vocês tentem sentir e buscar a culpa para, nenhum de vocês tem este direito, não façam isto por favor, não façam, não permito. Principalmente quero que tenham a certeza e não esqueçam que tudo foi fruto da minha inconsequência, da minha estupidez, do meu machismo, da minha irresponsabilidade, da minha arrogância de não ser humilde em procurar ajudas, sou como a maioria de todo ser humanos com todas nossas prepotências e defeitos.

Mas mesmo assim só posso agradecer a todos por tudo que fizeram, fazem e ainda farão com certeza, quero que saibam tudo que lutei e consegui a minha maior riqueza que levarei comigo é somente a minha alma, e a lembrança como foram e são partes de mim.

Obrigado amigos, amo todos.

Plínio Elias de Araújo oliveira – PEAO

Sítio São Francisco de Assis

Divinópolis – Minas Gerais

25/05/2022